Letras
Zé do Bêlo atualmente dedica-se a regravar canções brasileiras lançadas no começo do século vinte adaptando ao violão com rigor as melodias, ritmos e harmonias originais dos lundus, modinhas, cocos, emboladas, sambas de roda, maxixes e outros gêneros da época que encontrou nos diversos acervos de raridades.
Aguenta o coco, mané
Sustenta o coro, mané
Vamos embora, mané
Pra bebedouro, mané
É Pajuçara, é Levada e Mangabeira
Você tá dizendo asneira
Eu vou me embora pro Pilá
Cabra danado, debochado e malcriado
Quando eu tô aperreado
Me dando pra embolar
Nas Alagoas tem um cabra cantador
Mas meu Deus pra onde eu vou
Com quem vou me aguentar
E tem um duro, tem um brabo e um valente
Mas um soldado somente
Faz a gente se mudar
Eu encontrei sinhá Marica no caminho
Seu Pedro vinha sozinho
Lá da Feira do Poço
E vinha gente como milho pela estrada
E vinha atrás de uma boiada
Seu Antônio do Caroço
O perigoso marido da perigosa
Começou com tanta prosa
E o perigo foi vencido
Depois da briga que teve com Zeca Mangue
Já gritou se água é sangue
Minha gente eu tô ferido
A sem-vergonha da mulher do Zé Bedeu
Perdeu a vergonha que Deus lhe deu
Perdeu perdeu perdeu perdeu
Perdeu a vergonha que Deus lhe deu
Vive agora discutindo
Com a mulher de seu Raposo
As particularidades
Que conhece do esposo
Ô que assunto cabuloso
Inda ontem numa roda
Explicou para um sujeito
Que o seu sinal da testa
Foi um beijo de mal jeito
Ih ó que falta de respeito
Quando recebe visita
É que a coisa é bem pior
Fica cheia de trejeitos
Suspirando a João Gambó
E o marido é um bocó
Ai Zezé, ai Zezé
Eu te dou uma baiana
Pra brincar você não quer
As moças já estão malucas
Pela festa infernal
A mulher deixa o marido
Por causa do carnaval
Carnaval meu carnaval
Eu só tenho a dizer
Meu benzinho foi-se embora
Só por causa de você
Na quarta-feira de cinzas
Eu bem sei o que vou fazer
Vou procurar outro amor
Para deste me esquecer
A charanga tocou dão-dão
Teve logo agarramento lá no meio do salão
Quando a charanga rebentou num foxtrote
Muito velho deu pinote a dançar na moda antiga
O Chico França requebrando com Lolota
Não juntava com a velhota só por causa da barriga
E os mocinho agarrado com as crioula
Todas elas de papoula enfeitando o penteado
Gostavam tanto que quando as musga parava
Esses moço nem notava que as musga tinha parado
Grande zoada me fazia Zé Colombo
Que tava tocando bombo com uma cara muito insossa
É que o retrato da sogra de Zé Colombo
Ele pregou no seu bombo pra poder bater com força
No meio da sala muito assanhamento havia
Cochichava Sá Maria a falar da vida alheia
E Apolônio que bebido não graceja
Enterrou-se na cerveja e disse duas coisa feia
E o marido de Totonha da Garapa
Que ninguém pra ele escapa de sabido já tem nome
Tava dançando com Maroca da Fazenda
E oh meu Deus que coisa horrenda disse a moça um picilone
Então Totonha da Garapa enfezou-se
Deu um berro, arreliou-se e foi com a peste pra janela
E o marido pra que ela se acalmasse
Foi pedir que não zangasse lhe beijando a boca dela
Já era tarde quando houve um rebuliço
Todo mundo deu sumiço foi-se embora o pessoá
Na redondeza havia um cheiro de incenso
Todo mundo usava lenço, teve a musga que pará
As fuxiqueira começaram a bater papo
Quem tinha língua de trapo tesourava sobre o fato
O cheiro veio, descobriu Zéfa Bicuda
Foi porque Chica Papuda tinha tirado o sapato
Ô, ô, Nós semo é memo do amô
Mulatinha frajola
Entra aqui no cordão
Que a fuzarca consola
As mágoa que a gente
Traz no coração
Mulata, benzinho
Vem pra mim de uma vez
Dou-te amor e carinho
Dinheiro não tenho
Não sou português
Vou comprá uma redoma
Nela eu vou te guardar
Que os malandros te olhando
Meu bem, são capaz
De te profaná
Vem, meu bem, pro Salgueiro
Leblon não vale nada
Pois nos bairros de lá
Mulata, meu anjo
Não tem batucada
Óia o cabelo branco - só pode ser tapeação
Há muito véio sirigaito e bem sapeca
Que apesar de ser careca tem cabeça de algodão
Óia o cabelo branco - só pode ser tapeação
Seu coroné interventor de Guaratuba
Lá na terra e acutuba e é chamado seu doutor
Comprou passagem veio pro Rio a muito custo
Mas quase morreu de susto vendo o Cristo Redentor
Na mesma hora se casaram dois casal
Mas nesse caso originado numa grande trapalhada
Era de noite tava escuro e ninguém via
Quando amanheceu o dia e as mulhé tava trocada
Óia o cabelo branco - só pode ser tapeação
Fui na macumba consultar com o pai-de-santo
Pra acabar com esse quebranto que ainda vai me perseguir
Ele me disse a tua sogra é invocada
Deixa embora essa danada e antes dela te engolir
Óia o cabelo branco - só pode ser tapeação
Fui num banquete na casa de Zé Pequeno
A mesa tava no sereno pra todo mundo caber
Tinha de toda qualidade de talher
Tinha mais hôme que mulher mas só não tinha o que comer
No tal banquete dito cujo referido
Mulher que tinha marido não passou aperto não
Pois as danada para não morrer de fome
Cada qual comeu seu hôme e não tiveram indigestão
Óia o cabelo branco - só pode ser tapeação
Conheço um cabra tão danado e tão valente
Come até carne de gente cozinhada na panela
E a mulher dele anda passando as abertura
Pois já tá criando gordura ele já tá de olho nela
Óia o cabelo branco - só pode ser tapeação
Menina moça é arapuca é alçapão
É automóvel em contramão
É um perigo todo dia
Se a gente brinca um bocadinho se distrai
La vem a mãe lá vem o pai
E quer levar pra feitoria
Mulhé casada quando está com seu esposo
Fica um bicho perigoso coisa igual nunca se viu
Bole com a gente pisca o olho e as vezes chama
E o marido ainda reclama diz que a gente é que buliu
Muié viúva é melhor que pode haver
Pois nada pode acontecer só o que pode é dar vantagem
Pois o marido na cidade do pé junto
Continua a ser defunto e aí o defunto não reage
Óia o cabelo branco - só pode ser tapeação
Meu Deus eu ando com sapato furado
Tenho a mania de andar engravatado
A minha cama eh um pedaço de esteira
É uma lata velha que me serve de cadeira
Minha camisa foi encontrada na praia
A gravata foi achada na Ilha da Sapucaia
Meu terno branco parece casca de alho
Foi a deixa de um cadáver num acidente de trabalho
O meu chapéu foi de um pobre surdo-mudo
As botinas foi dum velho da Revolta de Canudos
Quando saio a passeio as almas ficam falando
Trabalhei tanto na vida pra você andar gozando
A refeição é que é interessante
Na tendinha do Tinoco, no pedir eu sou constante
O português meu amigo sem orgulho
Me sacode um caldo grosso carregado no entulho
Nossa casinha lá da Marambaia
A mais bonita da praia se desmoronou
A trepadeira brinco-de-princesa
Ficou triste, amarela e depois secou
E a varanda vive em abandono
É um destroço sem dono numa solidão
Até você que parecia ser sincera
Sem motivo abandonou meu pobre coração
O sabiá também mudou seu ninho
Eu já não ouço mais sua canção
As andorinhas foram em revoadas
Quebraram-se as cordas do meu violão
E há quem diga que isso é desumano
Que eu não mereço tanta ingratidão
Quero que volte como antigamente
Para dar sossego ao meu coração
Ô Dona Carola isso não lhe fica bem
Fala mal de todo mundo
Já falou de mim também
Eu fiquei em casa um dia com uma forte dor de dente
A senhora disse a todos que eu não gosto do batente
Vou lhe fazer um pedido deixa o nome do alheio
Se fizer suas intrigas tire o meu nome do meio
Quando eu passo em sua porta passo sempre com receio
Ensinou seu papagaio a me dizer nome feio
Anda me metendo o malho quer de noite quer de dia
Eu já dei a minha queixa na quarta delegacia
O culpado é seu marido porque lhe dá confiança
Em deixar fazer intrigas com a própria vizinhança
Já tomei as providencias pois agora é doutra vez
Com vizinho barulhento se resolve no xadrez
A escola do malandro é fingir que sabe amar
Sem elas perceberem para não estrilar
Fingindo é que se leva vantagem
E isso, sim, é que é malandragem
(quá, quá, quá, quá...)
Oi, enquanto existir o samba não quero mais trabalhar
A comida vem do céu Jesus Cristo manda dar
Tomo vinho tomo leite tomo a grana da mulher
Tomo bonde e automóvel só não tomo Itararé (mas...)
Oi, a nega me deu dinheiro pra comprar sapato branco
A venda estava mais perto comprei um par de tamanco
Pois aconteceu comigo perfeitamente o contrário
Ganhei foi muita pancada e um diploma de otário (mas...)
Pelo mal que me fizeste sem eu merecer
Eu quero te perdoar e te esquecer
Não deixei de te amar, vai por mim
Nem posso viver assim
Quero agora o teu carinho
Quero a tua proteção
Quero arranjar padrinho
Não quero morrer pagão
Vem a forte tempestade
Mas depois vem a bonança
Sofri tua crueldade
Mas minha alma hoje descansa - só me resta lembrança
Se deixei de te amar
Foi só pela ingratidão
Me fizeste sem pensar
Sem lembrar de uma paixão
Mas agora estou mudado
Meu coração não se cansa
Por saber que sou amado
A minha alma hoje descansa - vivo só de esperança
Tenho vontade de ir à Penha
Mas me falta o principal
A mulher que me ajudava tanto ela deu o fora
Eu agora fiquei mal, eu agora fiquei mal
Esta mulher foi-se embora me deixou bem arruinado
Eu que estava tão sadio agora estou acabado
Mas agora eu peço muito para não escorregar
Leve o meu pedido à Santa que está no altar
Tô vendo as coisas feias talvez nem possa alcançar
O final da escadaria que sobe pro seu altar
Nossa Senhora da Penha vai fazer o que puder
Se ela me livra de toda mulher
Eu não vou no má
Tenho medo de morrer
Eu não quero amar
Tenho medo de sofrer
O amor é cego e não olha
A quem vai atormentar
Quem vai à chuva se molha
Por isso é que eu não vou lá
Lá no mar tem abrolhos
Perigos na serração
O meu amor tem os olhos
Que ferem meu coração
Eu vi o mar soluçando
Chorando por uma praia
Também eu vivo penando
Por um diabo de saia
Oh pescador meu amigo
Me ensina a tarrafear
E eu te mostro o perigo
De quem do amor quer zombar
Fui eu que pisquei o olho
Fui eu que fiz um siná
Fui eu que saí com ela
Fui eu que não quis casá
Tá doido moço
Casá não dá
Casamento é que nem fumo
Quando se pega a pitá
A principio é muito bom
Mas dispois de argumas hora
Se pita de cara feia
Só pra não se jogar fora
Quando vim de minha terra vim brigado com a mulher
Em vez de vim a cavalo eu vim mesmo de a pé
Sou filho do Rio Grande da cidade de Bagé
Fiz uma marcha forçada e vim pará em Itararé
Itararé, Itararé, tava tudo em pé no fogo
Churrasco mate café
Espingarda carabina revólver laço e quicé
Metralhadora e facão, adaga, espada e combréa
Arioplano e granada carro forte chevrolet
Cavalaria e trincheira tudo tinha em Itararé
Itararé, Itararé, tava tudo em pé no fogo
Churrasco mate café
Tudo ali se reunia Generá e Coroné
Cabo, Sargento e Sordado véio, criança e muié
A gente andava deitado e dormia mesmo em pé
Tinha cobra na picada mas chegamo em Itararé
Itararé, Itararé, tava tudo em pé no fogo
Churrasco mate café
General Juarez Távora montado no corcé
Dominando todo o Norte provou o que o Norte é
De Sergipe ao Amazonas os chefe bateram pé
Quando ia pra Bahia nós ia pra Itararé
Itararé, Itararé, tava tudo em pé no fogo
Churrasco mate café
Viva todos nossos chefes homens de ação e fé
Que nunca temeram a morte dizendo seu tom de ideia
Vamos tomá o cacete porque o jogo requer
Agora você me diga se é assim mesmo ou não é
Itararé, Itararé, tava tudo em pé no fogo
Churrasco mate café
Eu vou contar como vai ser meu casamento
Com a filha de um sargento da guarda municipal
Já comprei calça paletó camisa fina
Também já comprei botina de pelica especial ê bambá
Vamos todos sambá ê bambá vamos todos sambá
Já comprei tudo só me falta uma mobília
Três lençol uma bacia uma esteira e um alguidar
Três par de meia de algodão duas gravata
E dois anelão de prata tá pronto meu enxová ê bambá
Vamos todos sambá ê bambá vamos todos sambá
E nesse dia que barulho que festança
Tem batalha tem andança tem festejo de arraiá
Tem clarineta tem sanfona tem viola
Tocada por Zé Royola acompanhada com ganzá ê bambá
Vamos todos sambá ê bambá vamos todos sambá
Os convidados que aparecem nesse dia
Zé Vicente Malaquias Seu Coró Pedro Simão
Antônio Zuza Mané Zuza Zé Limeira
Que vem lá das catingueira roncando no seu lazão ê bambá
Vamos todos sambá ê bambá vamos todos sambá
E a respeito de comida e beberagem
Falá isso até é bobagem tem bacalhau tem feijão
Tem ovo duro tem galinha carne assada
Manuê galinha assada rapadura requeijão ê bambá
Vamos todos sambá ê bambá vamos todos sambá
E vem Naninha vem Cazé e vem Don'Ana
Vem Maria vem Romana tem Zezinha e Zé Fulô
Mariazinha que é mulhé mais engraçada
Que foi minha apaixonada que foi meu primeiro amor ê bambá
Vamos todos sambá ê bambá vamos todos samba
Molha o pano
Pega na cuíca
Puxa certo e com cadência
E veja o samba como fica
Fui num pagode
A família deu um não
Aqui não se quer cuíca
Porque não é barracão
Fiquei sentida
Coragem, gritou meu mano
Quem é rico paga orquestra
E quem é pobre molha o pano
É um abuso
E por demais autoridade
Fazer pouco em quem é pobre
Só por ter felicidade
Não fiz barulho
Porque me julgo decente
Tratei de molhar o pano
E gritei “vamos em frente”
Nicolau, você é o tal, mas
Vê se manda aquele capital
Que eu lhe emprestei
Você estava nas águas do Zé Bedeu
E agora quem não tem gaita sou eu
Quando você precisou do capital
Que eu lhe emprestei
Foi macuco no embornal
Ai ai, meu Deus
Não se deve fazer bem a ninguém
Por sua causa estou sem lar
Sem amor, sem vintém
Pato na varanda com marreco conversando
Pato fala baixo marreco fala gritando
Jangada é canoa chuvisco é garoa
Lago é lagoa poeira é pó
Na minha varanda quem entra no samba
Traz mulher de banda senão brinca só
Breu não é graxa se assenta, se agacha
Pão não é bolacha nem garfo é colher
Apetite é fome quem almoça come
Mulher não é homem homem não é mulher
Criança é pixote bezerro é mamote
toutiço é cangote casar é ajuntar
Frango não é galo jumento é cavalo
Quem sofre dos calo não pode sambar
Quem sobe ladeira sobe ribanceira
Quem deita é caveira carvão não é brasa
Saúva é formiga suave é cantiga
bate-boca é briga barraco não é casa
Baleia, baleia, peixe do má
Mamãe que mandou, eu vim vadiá
A moda chegando eu vou ver como é
Se hoje nos hômi quem manda é mulhé
As moças de hoje pra ter formosura
Só vivem atoladas dentro da pintura
Num lugar que eu já vi que prendendo os ladrão
Não fica ninguém pra fechar a prisão
Se o gato é da gata assim são as pessoas
O pato é da pata e o cão é da côa
Eu já vi que no mundo tudo é passageiro
Menos condutor e também motorneiro
Um casal no cinema conduta bonita
Fazendo no escuro o que via na fita
Conheço um sujeito tão magro e arisco
Que anda na chuva driblando o chuvisco
O doutor receitou tomar banho salgado
Já encomendei todo o sal do mercado
Segura o gato que este gato me mordeu
Olha o gato pega o gato que esse gato arranha o meu
Mané bichano lá na mata da baixada
Se escondeu com a namorada sem querer vir mais embora
E o povo sabe onde o bichano tá metido e diz
Assim gato escondido que tá com o rabo de fora
Já vi um rato na tenda do Clemente
Se encher de aguardente e pegar um bom pifão
Depois bebinho perguntar cuspindo brasa
Cadê os gato dessa casa que eu quero meter-lhe a mão
A véia Zéfa tava na roça abaixada
E por trás foi arranhada por um gato lá do morro
Se levantando disse a véia esse fato
Prova mesmo que os gato não se une com cachorro
Tava na roda do samba
Quando a polícia chegou
Vamo acabar com esse samba
Que Seu Delegado mandou
Vamo aguentando negrada
Que o samba é de arrelia
E quem não tiver coragem
Que apele pra correria ô ô ô
Vamo acabar com esse samba
Que Seu Delegado mandou
O samba tava enfezando
Com batuque bom d'harmonia
Mas a polícia chegando
Rompeu com uma pancadaria ô ô ô
Vamo acabar com esse samba
Que Seu Delegado mandou
Vamo acabá com esse samba
Oi vamo acabá de uma vez
Que lá vem o delegado
Que vai nos levar pro xadrez ô ô ô
Quando nós saímos do norte foi pra no mundo mostrar
Como canta aqui nesta terra um bando de tangarás
Uma madama pra fazer economia
Comprou as perfumaria num tutu que ela encontrou
Saiu pra rua perfumada em todo canto
Aí o perfume fedeu tanto que a madama desmaiou
Meu tangará, meu curió, meu terra-terra
E o meu canário da terra que é danado pra cantar
Eu também canto uma semana um mês inteiro
E quando eu canto no terreiro inté a lua quer sambar
Eu fui fazer minha compra na feira
E eu vi tanta roubalheira de se encabular
Tava um sujeito de roubar com uma tal febre
Vendendo gato por lebre, ratazana por gambá
Na sepultura que eu fiz pra minha famia
Tinha um freguês por dia para se enterrar
Na minha vez quando cheguei ao pé da cova
E apesar de ela ser nova já não tinha mais lugar
E lá no norte quando é boa a brincadeira
Lá tem bala e tem madeira, tem tabefe, tem punhá
Mas eu não temo nem cacete e nem garrucha
Levei dez tiro na fuça e depois disso eu fui sambá
Dei um emprego ao filho do Zacarias
Só das onze ao meio dia que tinha que trabaiá
Mas o malandro pegar peso não podia
E além disso ainda queria hora e meia pra almoçá