Baile na roça

De Manezinho Araujo, lançada em 1937, gravadora Odeon

A charanga tocou dão-dão
Teve logo agarramento lá no meio do salão

Quando a charanga rebentou num foxtrote
Muito velho deu pinote a dançar na moda antiga
O Chico França requebrando com Lolota
Não juntava com a velhota só por causa da barriga
E os mocinho agarrado com as crioula
Todas elas de papoula enfeitando o penteado
Gostavam tanto que quando as musga parava
Esses moço nem notava que as musga tinha parado

Grande zoada me fazia Zé Colombo
Que tava tocando bombo com uma cara muito insossa
É que o retrato da sogra de Zé Colombo
Ele pregou no seu bombo pra poder bater com força
No meio da sala muito assanhamento havia
Cochichava Sá Maria a falar da vida alheia
E Apolônio que bebido não graceja
Enterrou-se na cerveja e disse duas coisa feia

E o marido de Totonha da Garapa
Que ninguém pra ele escapa de sabido já tem nome
Tava dançando com Maroca da Fazenda
E oh meu Deus que coisa horrenda disse a moça um picilone
Então Totonha da Garapa enfezou-se
Deu um berro, arreliou-se e foi com a peste pra janela
E o marido pra que ela se acalmasse
Foi pedir que não zangasse lhe beijando a boca dela

Já era tarde quando houve um rebuliço
Todo mundo deu sumiço foi-se embora o pessoá
Na redondeza havia um cheiro de incenso
Todo mundo usava lenço, teve a musga que pará
As fuxiqueira começaram a bater papo
Quem tinha língua de trapo tesourava sobre o fato
O cheiro veio, descobriu Zéfa Bicuda
Foi porque Chica Papuda tinha tirado o sapato

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